Prof. Valbertone C. Araújo MANAUS - AM
TEORIA DA CONTABILIDADE, CUSTOS e ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
Análise das Demonstrações Financeiras
1 DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
1.1 O QUE MOSTRAM AS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
A Lei 11.638/07 determina a estrutura básica das demonstrações financeiras.
A legislação fiscal tornou essas demonstrações obrigatórias também para os demais tipos de sociedades. Por essa razão, todas as empresas, no Brasil, divulgam suas demonstrações financeiras sob a forma prevista na Lei das S.A.
Essa lei trouxe consideráveis aperfeiçoamentos contábeis em relação às práticas anteriormente vigentes e tornou-se um marco na história da Contabilidade no Brasil, apesar de ainda não incorporar todos os aperfeiçoamentos que seriam possíveis.
Para efeito de Análise de Balanços, a Lei das S.A. representou notável avanço. O conteúdo e a forma de apresentação das demonstrações financeiras atendem perfeitamente as necessidades da Análise de Balanços.
1.2 BALANÇO PATRIMONIAL
… a demonstração que apresenta todos os bens e direitos da empresa Ativo -, assim como as obrigações Passivo Exigível em determinada data. A diferença é chamada Patrimônio Líquido e representa o capital investido pelos proprietários da empresa, quer através de recursos trazidos de for a da empresa, quer gerados por esta em suas operações e retidos internamente.
* Robert N. Anthony conceituado autor americano, afirma que o balanço mostra :
1. As fontes de onde provieram os recursos utilizados para a empresa operar são Passivo e Patrimônio Líquido e;
2. Os bens e direitos em que esses recursos se acham investidos.
Essa definição evidencia os termos fontes e investimentos de recursos, o que È altamente desejável do ângulo da Análise de Balanços, visto que analisar balanços È, em grande parte, avaliar a adequação entre as diversas fontes e os investimentos efetuados.
… interessante notar que o Ativo mostra o que existe concretamente na empresa. Todos os bens e direitos podem ser comprovados por documentos, tocados ou vistos. As únicas exceções são as despesas antecipadas e as diferidas, as quais representam investimentos que beneficiar„o exercícios seguintes e, por isso, se acham no balanço (È algo que aumenta o valor da empresa sem ter um valor objetivo ou de mercado). O Passivo Exigível e o Patrimônio Líquido mostram a origem dos recursos que se acham investidos no Ativo. Especificamente, o Patrimônio Líquido não representa nada de concreto. Quando a empresa é constituída,os só- cios entregam-lhe determinado Capital representado por dinheiro ou bens. Nesse momento, a empresa possui apenas esses bens e o numerário que recebeu dos sócios. O Capital mostra apenas a origem desses bens e dinheiro. … apenas um elemento informativo e não algo de concreto.
Em conformidade com a Lei 11.638/07, o Balanço Patrimonial deve conter os seguintes grupos de contas :
ATIVO
ATIVO CIRCULANTE
• Disponibilidades
• Direitos realizáveis no curso do exercício social seguinte
• Aplicações de recursos em despesas ou custos do exercício seguinte
ATIVO NÃO CIRCULANTE
Ativo Realizável a Longo Prazo
• Direitos realizáveis após o término do exercício seguinte
• Direitos derivados de adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladas, diretores, acionistas ou participantes no lucro da companhia, que não constituírem negócios usuais na exploração do objeto da companhia
Investimentos
• Participações permanentes em outras sociedades e direitos de qualquer natureza, não classificáveis no Ativo Circulante, ou Realizável a Longo Prazo que não se destinem a manutenção da atividade da companhia ou empresa
Imobilizado
• Direitos que tenham por objeto bens destinados à manutenção das atividades da companhia ou empresa, ou exercidos com esta finalidade, inclusive.
Intangível
• Direitos de propriedade comercial ou industrial
PASSIVO
PASSIVO CIRCULANTE
• Obrigações da companhia, inclusive financiamentos para a aquisição de direitos do Ativo Permanente quando vencerem no exercício seguinte
PASSIVO NÃO CIRCULANTE
Exigível a Longo Prazo
• Obrigações vencíveis em prazo maior do que o exercício seguinte
RESULTADO DE EXERCÍCIOS FUTUROS
• Receitas de exercícios futuros diminuídas dos custos e despesas correspondentes
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital Social
• Montante do capital subscrito e, por dedução, parcela não realizada
Reservas de Capital
• ágio na emissão de Ações ou conversão de debêntures e partes beneficiárias
• Produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição
• Prêmios recebidos na emissão de debêntures, doações e subvenções para investimentos
• Correção monetária do capital realizado, enquanto não capitalizada
Reservas de Lucros
• Contas constituídas a partir de lucros gerados pela companhia
Prejuízos a compensar
• Gerados pela companhia, que ainda não foram compensados
1.3 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
Trata-se de uma demonstração dos aumentos e reduções causados no Patrimônio Líquido pelas operações da empresa. As receitas representam normalmente aumento do Ativo, através do ingresso de novos elementos, como duplicatas a receber ou dinheiro proveniente das transações. Aumentando o Ativo, aumenta o Patrimônio Líquido. As despesas representam redução do Patrimônio Líquido, através da redução do Ativo ou aumento do Passivo Exigível.
Enfim, todas as receitas e despesas se acham compreendidas na Demonstração do Resultado, segundo uma forma de apresentação que as ordena de acordo com a sua natureza; fornecendo informações significativas sobre a empresa.
A Demonstração do Resultado È, pois, o resumo do movimento de certas entradas e saídas no balanço, entre duas datas.
A Demonstração do Resultado retrata apenas o fluxo econômico e não o fluxo de dinheiro. Para a Demonstração do Resultado não importa se uma receita ou despesa tem reflexos em dinheiro, basta apenas que afete o Patrimônio Líquido.
Segundo a Lei 11.638/07, a Demonstração do Resultado do Exercício discriminar· os seguintes elementos :
DEMONSTRA«O DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
Receita Bruta de Vendas e Serviços
(-) Devoluções
(-) Abatimentos
(-) Impostos
(=) Receita Líquida das Vendas e Serviços
(-) Custo das Mercadorias e Serviços Vendidos
(=) Lucro Bruto
(-) Despesas com Vendas
(-) Despesas Financeiras (deduzidas das Receitas Financeiras)
(-) Despesas Gerais e Administrativas
(-) Outras Despesas Operacionais
(+) Outras Receitas Operacionais
(=) Lucro ou Prejuízo Operacional
(+) Receitas não Operacionais
(-) Despesas não Operacionais
(+) Saldo da Correção Monetária
(=) Resultado do Exercício antes do Imposto de Renda
(-) Provisão para o Imposto de Renda
(-) Participações de Debêntures
(-) Participação dos Empregados
(-) Participação dos Administradores e Partes Beneficiárias
(-) Contribuições p/ Instituições, Fundo de Assist. ou Previdência de Empregados
(=) Lucro ou Prejuízo Líquido do Exercício
(=) Lucro ou Prejuízo por Ação
1.4 DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIM‘NIO LÕQUIDO
A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido apresenta as variações de todas as contas do Patrimônio Líquido ocorridas entre dois balanços, independentemente da origem da variação, seja ela proveniente da correção monetária, de aumento de capital, de reavaliação de elementos do ativo, de lucro ou de simples transferência entre contas, dentro do próprio Patrimônio Líquido.
Enquanto a Demonstração do Resultado evidencia como se chegou ao total do aumento ou diminuição do Patrimônio Líquido em decorrência de transações efetuadas pela empresa, expurgando o inchaço causado pela inflação, a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido mostra toda e qualquer variação em qualquer conta.
A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido não costuma ser analisada no sentido tradicional em que o são o Balanço e a Demonstração do Resultado do Exercício.
O conteúdo básico da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido:
1.5 DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS - DOAR
A Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos mostra as novas origens e aplicações verificadas durante o exercício, ocorridas nos itens não Circulantes do Balanço, ou seja, no Exigível a Longo Prazo, Patrimônio Líquido, Ativo Permanente e Realizável a Longo Prazo.
A diferença entre as novas origens não circulantes e as novas aplicações não circulantes ser· igual ao Capital Circulante Líquido. Dessa maneira, a DOAR È uma demonstração que evidencia a variação do Capital Circulante Líquido.
Através da DOAR É possível conhecer como fluíram os recursos ao longo de um exercício: quais foram os recursos obtidos, qual a participação das transações comerciais no total de recursos gerados, como foram aplicados os novos recursos etc. Enfim, a DOAR visa permitir a análise do aspecto financeiro da empresa, tanto no que diz respeito ao movimento de investimentos e financiamentos quanto relativamente à administração da empresa sob ângulo de obter e aplicar compativelmente os recursos.
2. ANÁLISE ATRAVÉS DE ÍNDICES
2.1 O PAPEL DOS ÍNDICES DE BALANÇO
Os índices constituem a técnica de análise mais empregada, sua característica fundamental é fornecer uma visão ampla da situação econômica ou financeira da empresa.
Um índice é como uma vela acesa num quadro escuro.
2.1.1 QUANTOS ÍNDICES SÃO NECESSÁRIOS PARA UMA BOA ANÁLISE?
O importante não é o cálculo de grande número de índices, mas de um conjunto de índices que permita conhecer a situação da empresa, segundo o grau de profundidade desejada da análise.
1 ... , a quantidade de índices que deve ser utilizada na análise depende exclusivamente da
2 profundidade que se deseja da análise.î
2.1.2 ASPECTOS DA EMPRESA REVELADOS PELO ÍNDICE
PRINCIPAIS ASPECTOS REVELADOS PELOS ÍNDICES FINANCEIROS
ESTRUTURA
Situação Financeira
LIQUIDEZ
Situação Econômica RENTABILIDADE
2.2 DESCRIÇÃO DETALHADA DOS ÍNDICES
2.2.1 ESTRUTURA DE CAPITAIS
Os índices desse grupo mostram as grandes linhas de decisões financeiras, em termos de obtenção e aplicação de recursos.
2.2.1.1 Participação de Capitais de Terceiros:
Indica:
• quanto a empresa tomou de capitais de terceiros para cada R$ 100 de capital próprio investido.
• Interpretação: quanto menor, melhor.
Obs.: o Índice de Participação de Capitais de Terceiros relaciona, portanto, as duas grandes fontes de recursos da empresa, ou seja, Capitais Próprios e Capitais de Terceiros.
Também pode ser chamado de Índice de Grau de Endividamento.
2.2.1.2 Composição do Endividamento:
Indica:
• qual o percentual de obrigações de curto prazo em relação ‡s obrigações totais.
• Interpretação: quanto menor, melhor.
Obs.: este Índice indica qual e a composição da dívida, já que, uma coisa È ter dívidas de curto prazo que precisam ser pagas com recursos gerados a curto prazo, e outra, È ter dívidas de longo prazo, onde se dispõe de tempo para se gerar recursos.
2.2.1.3 Imobilização do Patrimônio Líquido:
Indica:
• quantos reais a empresa aplicou no Ativo Permanente para cada R$ 100 de Patrimônio Liquido.
• Interpretação: quanto menor, melhor.
Obs.: as aplicações dos recursos do Patrimônio Liquido são mutuamente exclusivas do Ativo Permanente e do Ativo Circulante. Quanto mais a empresa investir no Ativo Permanente, menos recursos próprios sobrar„o para o Ativo Circulante e, em consequencia , maior será a dependência a capitais de terceiros para o financiamento do Ativo Circulante.
2.2.1.4 Imobilização dos Recursos não Correntes:
Indica:
• que percentual de recursos não correntes a empresa aplicou no Ativo Permanente.
• Interpretação: quanto menor, melhor.
Obs.: este Índice não deve em regra ser superior a 100%.
2.2.2 LIQUIDEZ
Os Índices desse grupo mostram a base da situação financeira da empresa. São Índices que, a partir do confronto dos Ativos Circulantes com as Dívidas, procuram medir quão sólida é a base financeira da empresa.
2.2.2.1 Liquidez Geral:
Indica:
• quanto a empresa possui no Ativo Circulante e Realizável a Longo Prazo para cada R$ 1,00 de dívida total.
• Interpretação: quanto maior, melhor.
Obs.: o Índice de Liquidez Geral indica se a empresa tem condições de pagar suas dívidas totais, mesmo aquelas de longo prazo, com os recursos que possui no seu Ativo Circulante.
2.2.2.2 Liquidez Corrente:
Indica:
• quanto a empresa possui no Ativo Circulante para cada R$ 1,00 de Passivo Circulante.
• Interpretação: quanto maio, melhor.
Obs.: o Índice de Liquidez Corrente indica se o Ativo Circulante È suficiente para cobrir as dívidas de curto prazo.
2.2.2.3 Liquidez Seca:
Indica:
• quanto a empresa possui de Ativo Líquido para cada R$ 1,00 de passivo Circulante (dívidas a curto prazo).
• Interpretação: quanto maior, melhor.
Obs.: este Índice È um teste de força aplicado ‡ empresa; visa medir o grau de excelência da sua situação financeira.
2.2.3 RENTABILIDADE
Os Índices deste grupo mostram qual a rentabilidade dos capitais investidos, isto é, quanto rendem os investimentos e, portanto, qual o grau de êxito econômico da empresa.
2.2.3.1 Giro do Ativo:
Indica:
• quanto a empresa vendeu para cada R$ 1,00 de investimento total.
• Interpretação: quanto maior, melhor.
Obs.: esse Índice mede o volume de vendas da empresa em relação ao capital total investido. Não se pode dizer que uma empresa está vendendo pouco ou muito olhando apenas para o valor absoluto de suas vendas.
2.2.3.2 Margem Líquida
Indica:
• quanto a empresa obtêm de lucro para cada R$ 100 vendidos.
• Interpretação: quanto maior, melhor.
Obs.: esse Índice mostra qual a margem de lucro que a empresa alcança em relação ao valor de suas vendas líquidas.
Rentabilidade do Ativo:
Indica:
Interpretação: quanto maior, melhor.
Obs.: esse Índice mostra quanto a empresa obteve de lucro Líquido em relação ao Ativo, È a medida da capacidade de gerar lucro Líquido e pode ser usado como medida de desempenho comparativo ano a ano.
Rentabilidade do Patrimônio Líquido
Indica:
• quanto a empresa obteve de lucro para cada R$ 100 de Capital Próprio investido.
• Interpretação: quanto maior, melhor.
Obs.: o papel do Índice de rentabilidade do Patrimônio Líquido È mostrar qual a taxa de rendimento do Capital Próprio. Essa taxa pode ser comparada com outros rendimentos alternativos do mercado, como: CDB, ações, letras de cambio e com outras empresas; com isso se pode avaliar se a empresa oferece uma boa rentabilidade.